Setembro

Como dizia a antiga propaganda “O tempo passa, o tempo voa…” e o tempo passou para nós. Setembro acabou e com ele completamos 1 ano desde que tomamos a melhor decisão das nossas vidas. Esses 12 meses para nós foi intenso.

Lidar com a ansiedade de uma gestação sem prazos, uma gravidez que não sabemos quando terminará. Podemos parir a qualquer momento, porém isso pode não ocorrer ainda este ano, e para nossa tristeza, pode ser que não aconteça nem no próximo semestre.

Muitas pessoas nos disseram, logo no início do nosso processo que não “devemos sofrer com a ansiedade”. Pedimos desculpas, mas isso tem sido impossível.

Michelle tem pesquisado grupos de suporte a pessoas na fila da adoção, porém não temos encontrado um que tenha nosso perfil. Isso tem feito falta, falar com alguém que saiba da nossa ansiedade, alguém que tenha vivido, ou que esteja vivendo algo assim.

Estamos reformando nosso apartamento, e quando contratamos os serviços de arquitetura não quisemos pensar no quarto das crianças. Fizemos isso (ou deixamos de fazer) por não saber o sexo, idade, nem quantas crianças realmente virão, tudo é incerto. Na semana passada contratamos a marcenaria para todo o apartamento, e aquele quarto vazio nos deixou de certa forma, angustiados por não “estarmos preparados para a chegada”. Tomamos a decisão de contratar também a confecção do guarda-roupa para as nossas crias.

Eu achei que esse “início” iria amenizar a dor da espera, mas isso não aconteceu.

Em busca de apoio e de suporte, um pouco mais “especializado”, a Michelle se cadastrou em alguns grupos no whatsapp, e nesses grupos, muitas pessoas dizem que devemos nos fazer presentes na vara da infância. Muitos desses relatos dizem respeito a processos que ficaram esquecidos, a perfis que não foram analisados, coisas assim. Então, na última quinta-feira fomos até a vara da infância. A vontade de ter notícias era tanta que nem nos lembramos de ligar antes para agendar, e por isso, fomos atendidos, de forma muito atenciosa, porém numa conversa rasa, que só comprovou que a espera pode ser mais longa do que realmente desejamos e principalmente, nos mostrou o quão “a pé” estamos.

A comarca de Campinas tem apenas 1 vara de infância, o que faz dela a segunda maior do estado, e por deixar pouco tempo para a equipe multidisciplinar trabalhar com as (mais de 500) pessoas que já estão na fila. Aliado a isso, como disse acima, temos encontrado alguma dificuldade em encontrar um grupo fora da vara para que possamos frequentar e compartilhar nossos sentimentos e ansiedades.

Assim passamos nossos últimos 12 meses, sempre olhando para frente, alimentando os sonhos, aumentando a coleção de ideias, e sempre tentando não sufocar com a ansiedade.

Deixe um comentário